quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ser de esquerda é caminhar no fio da navalha

Enquanto professora de história e petista, tenho estudado bastante as iniciativas das esquerdas ao longo da história de nosso país.Isso nos remete a voltar na trajetória do PCB e da importância desse partido na condução das lutas sociais até o fim da ditadura militar.Optou-se por combater o sistema de fora, já que os muitos anos na clandestinidade, impossibilitava que os comunistas chegassem ao governo pelo voto popular.A revolução armada foi a única saída possível naquele momento de correlação de forças. Tentativas corajosas e necessárias, entretanto traumáticas para toda uma geração.


 Conclusões amargas sobrevieram, enquanto a tortura e a morte ceifavam as vidas de nossos jovens mais destemidos.

Com a retomada da democracia parcial e fragilizada, a esquerda que se aglutinou em torno do partido dos trabalhadores, percebeu que as instituições conservadoras pouco mudaram no país.Conservando seus ranços ideológicos e classistas.O PT optou por reagir dentro da ordem estabelecida, procurando reformar por dentro um sistema politico e governamental, carcomido por séculos de oportunismo e corrupção.Tarefa complicadíssima, para não dizer temerária, pois os mesmos adeptos do militarismo, da exclusão social, dos privilégios de classe e corporatismo profissional, continuam resistindo a entregar seus privilégios, antes timidamente escondidos, agora atuantes a luz do dia.




Sempre é bom lembrar que Dilma, não pode tudo.Legislativo e judiciário continuam com seus podres poderes, a despeito das tentativas dos dois governos petistas em melhorar essas instituições.Fácil seria, que contássemos com um povo não manipulável, que pudesse excluir das urnas aqueles que se recusam a atender a soberania popular, aqueles que cinicamente lutam contra os interesses da maioria do povo.O problema é que a conscientização é um processo lento e difícil, que concorre com a alienação galopante da mídia venal. Mesmo assim e apesar de tudo, o PT segue seu programa realista, tendo o socialismo como utopia a ser buscada, sem contudo deixar de ver o contexto em que atua, que é de um país ainda com grandes desigualdades sociais,apesar do avanço formidável nesses 10 anos.Vivemos num país capitalista e cuja democracia ainda é alarmada com possíveis golpes.




Não podemos perder de vista que reformas sociais, socialismo e reforma agrária, significam confrontar os interesses da elite, para isso, o governo popular precisa ter apoio da maioria do povo trabalhador para fazer o enfrentamento, sem isso, qualquer governo que se dispuser a lutar contra interesses escusos e interesseiros de uma elite egoísta e tacanha, estará correndo sérios riscos. Riscos dentro da atual conjuntura nacional, de assistir o levante das elites nas ruas na tentativa de manter privilégios, riscos na conjuntura internacional, se assistir as tentativas das grandes potências em colocar a América Latina de novo de joelhos. Caminhamos no fio da navalha.


Por Mara Rocha
 Mestra em Educação Pela Puc Campinas
https://www.facebook.com/mara.rocha.102

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