segunda-feira, 8 de julho de 2013

Em Busca do espaço perdido: Explicando a onda das Manifestações

Na busca de explicação para a onda de protestos que assolou o país, não me convenci das causas apontadas como imediatas (tarifa de onibus, más condições do transporte público) e outros agregadas posteriormente aos montes (desde as objetivas como o alto preço dos pedágios, como as gerais e sem pauta: corrupção, educação, saúde, etc). Não creio que foi por isso. Não é que não importem, não sejam incomodos, maléficos estes fatores. É que sempre foram tolerados e repassados para os de baixo. Estes são impotentes para protestar ou não massificam seus protestos, sendo achincalhados ou criminalizados quendo conseguem alguma expressão. Com tudo sobe controle, o faturamento continua alto.


O que então causou o furor cívico, o acordar do gigante (ainda que abestado)? Fiquei matutando em causas menos aparentes, anteriores, cujos efeitos só começam a aparecer com força agora e, o que assusta mais, estão aumentando e parecendo irreversíveis. Então, é uma manifestação de desesperados, apavorados, atormentados. Explico.



Entre as causas anteriores vislumbro:
1- Prouni. As primeiras levas de estudantes formados pelo Prouni estão entrando no mercado agora. E com quem estes formados disputam empregos? Com os coxinhas! Estes caras não eram para ter curso superior e, tendo-os, não era para disputar comigo (em geral com vantagens já que são mais raçudos pois sempre lutaram muito na vida). O pavor de estar no trabalho ao lado um ex-pobre, com outra postura, cultura, que não o seu servilismo associado a sua geral incompetencia, atormenta atrozmente os coxinhas.



2- O pleno emprego. A política economica do governo federal tem assegurado crescimento sustentável, apesar de modesto, do Brasil em meio a uma crise mundial que abala EUA, Alemanha, Japão, França e derrubou Itália, Inglaterra, para não falar de periferia dos centrais: Espanha, Portugal, Grécia, Chipre e muito outros. O problema não é propriamente o crescimento (se alto ou baixo), mas o pleno emprego. Este impede uma acumulação majorada das riquezas produzidas pelo capital. Com pleno emprego, os salários tendem a aumentar pois as empresas não tem a seu favor a ameaça de desemprego (esta sempre faz os trabalhadores recuarem nas suas pautas reivindicadoras). Apesar do empresariado manterem a sua margem de lucro, olham com cobiça a parte das riquesas que seriam deles caso houvesse desemprego (controlado ou não- o exército de reserva de mão de obra). Por isso, estão irritados vendo o país crescer e não se apropriar da parte que desejam. E isto está continuando por um longo tempo. O que apavora é tornar-se permanete este estado de coisas na economia. Daí, virem nas manifestações, uma oportunidade de virar o jogo político para os bons tempos: alto crescimento=alto enriquecimento. Ou, ao menos, manter o alto enriquecimeto com baixo ou nenhum crescimento, mesmo que isso cause uma quebradeira nos demais empresários (sim, os empresátios são tão estúpidos em política quanto os coxinhas).



3- Cumprimento da lei na cobrança de impostos. Este talvez seja o fator que mais enfureça a classe rica deste país e, por puxa-saquismo servil, dos coxinhas e assemelhados. Apesar da legislação tributária do Brasil ser injusta, com a cobrança de impostos apenando os mais pobres (para efeito tributário, inclua-se ai os coxinhas), ela nunca foi cumprida anteriormente. Ou seja, apesar de terem que pagar menos, os ricos deste pais encontravam meios de se livrar dos tributos (em geral devido a falta de fiscais ou incapacidade técnica (informatização de procedimentos e processos) das receitas federal, estaduais, e municipais). O recente, e ainda obscuro, episódio da Globo sonegando largas somas de tributos, dá uma idéia do que estou falando (não é sonegação de nota fiscal de padaria não que causa furor aos ricos, é a deles mesmos).
O que e busca então são os espaços perdidos:
1- os coxinhas, os seus míseros empregos de classe média de pouca qualificação;
2- os empresários, as suas náximas margens de lucros;
3- os ricos, as suas sonegações, estas sim gigantescas.
Então a classe rica saúda a união de coxinhas e empresários pelo seu bem (ops, do país como dizem).

Observação: devido a uma certa arrogância (se defensiva ou ofensiva, depende de cada um, das circunstãncias, etc) dos não pobres (e até destes) em relação a sua situação econômica, muitos se achariam atingidos por se considerarem ricos (sem o ser), por se considerarem abastados (sem o ser). Quando falo de rico, é rico mesmo.

Por Francisco Conde

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